A captação de água diretamente dos rios é um desafio enfrentado por vários estados da região amazônica, e Rio Branco não é exceção. O diretor do Sistema de Água e Esgoto de Rio Branco (Saerb), Enoque Pereira, destacou que esse problema ocorre anualmente em locais que dependem desse tipo de abastecimento, diferentemente de cidades que utilizam represas, onde não há forte correnteza nem balseiros.
Durante entrevista ao jornalista Whidy Melo, do ac24horas Play, na ETA II, o gestor detalhou as dificuldades enfrentadas para restabelecer o funcionamento das Estações de Tratamento de Água (ETA) I e II. A força da correnteza do Rio Acre provocou o tombamento de flutuantes e danos a motor-bombas essenciais para a captação de água, agravando ainda mais a situação emergencial, que já se estende desde o início da semana.
A principal dificuldade relatada tem sido a remoção dos balseiros, troncos e detritos trazidos pela correnteza, que comprometeram o funcionamento das bombas. "Durante a noite, ocorreu a infelicidade de virar o flutuante por causa do balseiro. Ontem, às três da manhã, virou novamente. A gente ficou zerado de abastecimento, porque essa ETA já não estava operando desde terça-feira", explicou Enoque.
Apesar dos esforços para reativar a estação, a entrada de ar nas bombas dificultou o processo. "Aqui viraram três motor-bombas, dois motor-bombas e, lá, mais três. Estamos falando de cinco motor-bombas que deixamos de utilizar. Mas, por sorte e planejamento, já tínhamos bombas novas, zeradas, de fábrica, para auxiliar na correção até conseguirmos recuperar os motores que ficaram submersos", destacou.
A equipe do Saerb tem trabalhado intensamente, muitas vezes até de madrugada, para solucionar o problema. "Infelizmente, a situação aqui ocorreu de segunda para terça. Desde então, estamos trabalhando até tarde da noite. Eu estive aqui até meia-noite e já cheguei mais cedo também. Desde às três e meia estou acordado. E a gente lamenta a situação, mas é algo que ocorre por força da natureza", afirmou o diretor.
Sobre as previsões para normalização do abastecimento, Enoque evitou estipular prazos exatos, pois o trabalho depende de fatores externos e de segurança. "Estamos trabalhando com previsão para normalizar, mas preferimos aguardar um pouco mais antes de anunciar um horário específico. Já erramos na previsão duas vezes porque contamos com fatores externos, como desbarrancamento e correnteza, que fogem do nosso controle", justificou.
Em relação às condições de trabalho, o diretor do Saerb reforçou que todos os operadores utilizam Equipamento de Proteção Individual (EPI) e que as horas extras são pagas corretamente. "Isso já é uma coisa que está ficando um pouco chata em relação ao sindicato. A gente não trabalha sem EPI. Se algum operador não está usando, já pedimos para notificá-lo e, se persistir, vamos tomar providências. A gestão fornece todo o material. Além disso, as horas extras são pagas religiosamente desde o ano passado. Se precisar, mostramos os contracheques como prova", declarou.
Para minimizar os impactos das cheias e da forte correnteza, há um planejamento para realocar a captação de água. "Temos um recurso remanescente do governo do estado, no valor de mais de R$ 13 milhões, para fazer uma nova captação a cerca de 200 metros abaixo do ponto atual. Com isso, não teremos mais problemas com balseiros naquele local", revelou Enoque.
fonte:ac24horas.com
fotos:Whidy Melo
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